O PSDB e o Podemos fecharam acordo e programaram para o próximo dia 29 o anúncio da fusão entre os dois partidos. A informação foi divulgada pela Coluna do Estadão, assinada pela jornalista Roseann Kennedy.
As duas siglas, que não apoiam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devem sair fortalecidas nacionalmente.
Com a fusão, os partidos terão juntos 33 deputados federais (13 do PSDB de Marconi Perillo; 15 eleitos pelo Podemos e mais cinco do PSC que se incorporaram à legenda de Renata Abreu). Consequentemente ganharão mais tempo de TV, e o valor do fundo partidário será ampliado.
Em Pernambuco, o cenário é um pouco diferente. As legendas estão em campos opostos e a dúvida é sobre quem vai responder pelo novo partido quando houver a fusão.
O Podemos, comandado pelo presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, apoia a governadora Raquel Lyra (PSD).
À frente do PSDB, está o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Álvaro Porto, que, embora não tenha anunciado oficialmente, está cada vez mais próximo ao prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Bons olhos
O nome de Álvaro Porto foi uma indicação da Executiva nacional do PSDB, que decidiu intervir na legenda no começo deste mês, depois de a governadora migrar para o PSD e sinalizar a disposição de manter o controle do ninho tucano.
"Estou muito tranquilo e muito animado. Vejo com bons olhos a possibilidade de fusão com o Podemos. As perspectivas são muito positivas", declarou Álvaro Porto, na tarde de ontem.
O deputado se reuniu com o presidente nacional do PSDB, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, e o ex-ministro Bruno Araújo, na última quarta-feira, em Brasília.
Segundo Álvaro Porto, na divisão sobre quem administrará os diretórios estaduais, PSDB e Podemos já definiram que cada um terá a mesma quantidade de unidades federativas. Pernambuco deverá ficar sob a responsabilidade dos tucanos.
"Os partidos nacionalmente já definiram tudo", sustentou o presidente do PSDB em Pernambuco.
Reunião
Marcelo Gouveia também esteve em Brasília e no último dia 9 se reuniu com a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, e o ex-presidente do partido em Pernambuco Ricardo Teobaldo. Ontem, ele preferiu não posicionar-se sobre uma possível fusão.
"Se ela for mesmo anunciada no dia 29, no dia 30 eu falo", sustentou o presidente estadual do Podemos.
Adiantou apenas que, independentemente do rumo que a legenda tomar, estará ao lado da governadora.
Espaço
O Podemos vem ganhando mais espaço na gestão de Raquel Lyra. Tem, desde fevereiro do ano passado, Cícero Moraes à frente da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca.
No mês passado, ocupou a presidência do Instituto de Pesquisas Agropecuárias (IPA), com o advogado sertanejo Miguel Duque, que presidia o Podemos Jovem no estado e é filho do deputado Luciano Duque (Solidariedade).
Em uma articulação recente entre o ex-senador e ex-ministro Armando Monteiro Neto (Podemos) e a governadora, o partido conquistou um dos órgãos mais cobiçados do estado: o Complexo Portuário de Suape.
O advogado Armando Monteiro Bisneto será o presidente do porto e toma posse na próxima sexta-feira (25).
Definição
Na próxima semana, os dirigentes nacionais se encontram mais uma vez para definir o nome e o número da nova legenda junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Não descartam a hipótese de fazer uma pesquisa juntos aos eleitores para poder definir.
O outro imbróglio é impedir que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, deixe o PSDB e, assim como Raquel Lyra, vá também para o PSD.
O gaúcho não esconde seu desejo de candidatar-se à Presidência da República.
Recursos
Nas eleições municipais do ano passado, o Podemos recebeu do fundo de campanha R$ 236,66 milhões e o PSDB, R$ 147,95 milhões. Com a fusão, terão R$ 381.18 milhões.
Outro montante que pesa na decisão de unir as duas legendas é o fundo partidário. No ano passado, o Podemos recebeu R$ 57,2 milhões e o PSDB, 33 milhões.
Juntos vão contabilizar o quinto maior valor do fundo partidário: mais de R$ 90 milhões, superando Republicanos (R$ 83,6 milhões), MDB (R$ 81,3 milhões) e PSD (R$ 80 milhões).
O Podemos, com 2.330 vereadores, e o PSDB, com 3 mil, terão o quinto maior número de vereadores do Brasil: 5.330, e vão governar 401 prefeituras: 274 do PSDB e 127 do Podemos.